Há dias em que acordo calado
sem palavras para quem me ouve
fechado sem chave num quarto feito de portas
Dias em que me vejo
em que os outros só encontro com a palma da mão
quando só me resta os descobrir no escuro
Há tardes em que me esqueço como andar
em que arrasto o peito magoado através das palavras
até uma sombra onde esperar amanhã
Tardes em que não tenho lembranças
em que o primeiro dia se torna mesmo o primeiro
em que descobrir o nome das coisas basta para ser feliz
Há noites em que não sei dormir
feitas deste tudo que nada trás
deixando no colo sonhos que nem sequer irei reconhecer
Há manhãs em que não sei onde estou
em que o virado do avesso pode ser do avesso virado
e o mundo me diz não, quando eu tenho o mundo para lhe dar
Manhãs em que não sei que eu querem
em que não consigo escrever um novo
em que o tempo pára em redor de faces
Há dias que não existem em que eu falo
em que canto a história dos meus olhos
e passo a viver no terceiro andar de ti.
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