Tuesday, September 30, 2008
Inconfessáveis
Há muitas perguntas que podemos fazer que nunca terao resposta.
Há muitas perguntas que faremos a outros em cuja verdade nao estará na resposta, por muito que esta inclua a palavra honesta.
Há muitas verdades que nao podem ser assumidas em determinados momentos por levarem ao desmorono do nosso modo de vida.
Há claramente um limite `a honestidade, a sobrevivencia própria, o nosso egoísmo.
Aquilo com o qual por vezes nao contamos é que nos desvendem o silencio e nos vejam além das cortinas que constantemente corremos para sair dos olhares alheios.
Quanto maior a posicao de fragilidade que nos é ameacada de exposicao, mais espessa será a barreira que erigimos. Quanto maior essa barreira mais claros nos tornamos aos olhos dos outros porque, do nada, criamos um exército para defender aquilo que antes dizíamos nao ter valor.
A claridade é total quando vemos alguém a agir de uma maneira que reconhecemos a nós mesmos. Quando nos roubam as palavras, nos repetem as atitudes e nos se assemelham, confundindo a honestidade com abstraccoes em que nos perdemos sem mapa.
Nao há aqui juízo de valor. Todos nós o fazemos.
Mas quando vemos as coisas nestes termos, quando chegamos ao momento em que estamos perante o espelho, torna-se impossível fechar os olhos. Depois daquele primeiro reflexo cabe-nos a nós inverter as posicoes, tomando nós a defesa do nosso egoísmo, como quem vira as crueldades do avesso.
Nessa altura pergunta-se, de que te serve uma parede para te proteger de mim quando eu já nao te esperar do lado de cá?
Saturday, September 27, 2008
Afins
Só existe um sítio antes de tudo.
Nao quero chocolate, prefiro um amigo imaginário, conversador q.b.
Há qualquer coisa de especial em aprender-se a viver enquanto se danca.
Os tons de inverno tornam a instabilidade teatral e alongam o pensamento.
A companhia de estranhos e uma garrafa que te trata por tu.
Procura-se uma cidade para chamar casa.
Uma época a "um" num espaco de potenciais "dois".
Descobre-se a celeridade das emocoes e as razoes da preocupacao dos outros.
Um comeco que cravou em mim o padrao.
Faz-se planos por fazer, engole-se o orgulho em silencio e finge-se a brandura das emocoes, porque, valha-nos alguém, nao vao os outros assustar-se connosco. Para isso já chegamos nós próprios.
Parece que a calmia era apenas remissao.
Uma sangria por favor e um copo apenas.
Nao quero chocolate, prefiro um amigo imaginário, conversador q.b.
Há qualquer coisa de especial em aprender-se a viver enquanto se danca.
Os tons de inverno tornam a instabilidade teatral e alongam o pensamento.
A companhia de estranhos e uma garrafa que te trata por tu.
Procura-se uma cidade para chamar casa.
Uma época a "um" num espaco de potenciais "dois".
Descobre-se a celeridade das emocoes e as razoes da preocupacao dos outros.
Um comeco que cravou em mim o padrao.
Faz-se planos por fazer, engole-se o orgulho em silencio e finge-se a brandura das emocoes, porque, valha-nos alguém, nao vao os outros assustar-se connosco. Para isso já chegamos nós próprios.
Parece que a calmia era apenas remissao.
Uma sangria por favor e um copo apenas.
Another Year
Para ti, M.
"I tried to fall in it again
My friends took bets and disappeared
They mime their sighing violins
I think I'll wait another year
I want my chest pressed to your chest
My nervous systems interfere
Ten or eleven months at best
I think I'll wait another year
This weather turns my tricks to rust
I am a lousy engineer
The winter makes things hard enough
I think I'll wait another year
Plus I'm only 26 years old
My grandma died in '83
That's lots of time if I don't smoke
I think I'll wait another year
I'm not as callous as you think
I barely breathe when you are near
It's not as bad when I don't drink
I think I'll wait another year
I have my new Bill Hicks CD
I have my friends and my career
I'm getting smaller by degrees
You said you'd help me disappear
But that could take forever
I think I'll wait another year
It'll be the best year ever
I think I'll wait another year
Can't we just wait together
You bring the smokes
I'll bring the beer
I think I'll wait another year"
"I tried to fall in it again
My friends took bets and disappeared
They mime their sighing violins
I think I'll wait another year
I want my chest pressed to your chest
My nervous systems interfere
Ten or eleven months at best
I think I'll wait another year
This weather turns my tricks to rust
I am a lousy engineer
The winter makes things hard enough
I think I'll wait another year
Plus I'm only 26 years old
My grandma died in '83
That's lots of time if I don't smoke
I think I'll wait another year
I'm not as callous as you think
I barely breathe when you are near
It's not as bad when I don't drink
I think I'll wait another year
I have my new Bill Hicks CD
I have my friends and my career
I'm getting smaller by degrees
You said you'd help me disappear
But that could take forever
I think I'll wait another year
It'll be the best year ever
I think I'll wait another year
Can't we just wait together
You bring the smokes
I'll bring the beer
I think I'll wait another year"
Friday, September 26, 2008
Estou a deslizar
Em que momento do processo de ficar louco será que primeiro tomarei consciencia do que me acontece?
Será que é quando levar as maos `a cabeca?
Será quando nao conseguir passar tempo sozinho?
Nao devia ser o oposto?
Acho que há um ano que os dois hemisférios do meu cérebro tem uma longa conversa.
No meio de tudo, quando chegam perto de uma resposta, acabam sempre por beber um copo a mais.
Cai o castelo de cartas, fica por terra.
Assim inventei uma resposta.
Agora espero que ela me coma aos bocadinhos e me cuspa no fim.
Nao presto.
Aqui onde vivo, escondido na natureza, os psiquiatras sao de graca. Servico social. É a segunda vez que me lembro disto no espaco de uma semana. Curioso.
Crash N' Burn
É irónico como assim, de maos dadas, fui eu que me perdi no óbvio e foi eu que me esqueci de crédito onde ele nao era devido.
Posso passar 3 dias sem dormir?
Parece que nao.
Nao há verdadeiro espinho com aquele que se crava em proximidade.
Resta correr no escuro, porque ninguém corre por nós, ou connosco já agora.
Nao importa as horas a que se esquecem de ti.
E rir-me de mim é um sinal de demencia.
Wednesday, September 24, 2008
Em branco
Sentado sob a copa, olho para cima.
Vejo um ramo que se mostra.
Para que me serves tu, ramo?
De olhos neste rio, andado pela beira,
descubro uma linha de um falso fim.
Para que me serves tu, horizonte?
Voltado de costas para o resto, em ensimesmado balcao.
Perco tempo no fundo de um vaso.
Afinal qual é a tua solucao, líquido?
Esquecido no escuro, debato-me com os projectos que acabam por nao ser.
Escondido na confusao de cadeiras vazias pergunto-me
Para que me serves tu, cinema?
Bailando enquanto tudo mais se amorfa num sofá.
Pintando os dia e determinando disposicoes.
Por que te abro sempre a porta só a ti, música?
Vendo-me rodeado de faces, expressoes sem profundidade, natureza morta.
Ouvindo conversas a preto e branco, enquanto se finge pertencer a este espaco entre os ombros.
Para que preciso de ti, eu?
Porque estou sem bolsos para ódio e nao sei mais onde o jogar.
"I stand on the cliffs with my son next to me
This island our prison, our home
And everyday we look out at the sea
This place is all he's ever known
"But I've got a plan," He sung
Wax and some string, some feathers I stole from a bird
We leap from the cliff and we hear the wind sing a song thats too perfect for words
But son, please keep a steady wing
And know your the only one that means anything to me
Steer clear of the sun, or you'll find yourself in the sea
Now safely away, I let out a cry
"We'll make the mainland by noon"
But Icarus climbs higher still in the sky
Maybe I've spoken too soon
But son, please keep a steady wing
And know your the only one that means anything to me
Steer clear of the sun, or you'll find yourself in the sea
Wont you look at your wings
They're coming undone
They're splitting at the seams
Steer clear of the sun, for once wont you listen to me?
Oh God!
Why is this happening to me?
All I wanted was new life for my son to grow up free
And now you took the only thing that meant anything to me
I'll never fly again, I'll hang up my wings
Oh God!
Why is this happening to me?
All I wanted was new life for my son to grow up free
And now you took the only thing that meant anything to me
I'll never fly again, I'll hang up my wings
Oh God!"
Monday, September 22, 2008
Amanda Palmer
Foi uma surpresa. De rompante
Ouvida até `a exaustao.
Os dias mudam assim, de tal modo que se torna assustador.
Até certo ponto tinha razao.
Um único pequeno ponto na paisagem, vermelho. Vai pairando sem preocupacoes.
"Amanda Palmer is the singer and pianist of The Dresden Dolls. Born in 1976, she grew up in
Lexington, Massachusetts and received her B.A. from Wesleyan University. She attended Lexington High School, where she was very involved in the drama department.
In the 2005 WNFX/Boston Phoenix Best Music Poll, Amanda Palmer won Best Female Vocalist.
Her solo album entitled “Who killed Amanda Palmer” is due out in September 2008."
Astronaut
Strengh Through Music
Tasogare Seibei - The Twilight Samurai
"Na nova era de Meiji, muitos homens que tinham trabalhado com o meu pai,ascenderam a posicoes de grande autoridade.
Frequentemente os escutei dizer, aquele Twilight Seibei era um homem azarado.
Mas eu nao concordo.
O meu pai nao tinha nenhum desejo de subir no mundo e nao penso que se considerasse azarado.
Ele amava as suas filhas e depois a bela Tomoe amou-o a ele. Penso que a sua vida foi curta mas cheia.
Sinto orgulho de ter tido um pai assim."
Nao tenho como nao compreender se, no fim de contas, comungo apenas da mesma filosofia.
"Seibei Iguchi, a low-ranking samurai, leads a life without glory as a bureaucrat in the mid-XIX century Japan. A widower, he has charge of two daughters (whom he adores) and a senile mother; he must therefore work in the fields and accept piecework to make ends meet."
Director: Yôji Yamada
Thursday, September 18, 2008
Izgnanie - The Banishment
Alex, Mark, Viktor, Robert, Vera...
Entretanto acordei.
Descobri que dirijo palavras a quem nao ouve e outros ouvindo, pensando que me dirijo a eles.
Propositadamente falo para a parede. Nao para obter respostas a crédito mas para me livrar das palavras.
Porque razao interessa o que digo.
Onde está o palco que, para ti, preciso de representar.
Onde nao me chega nao ser eu, queixar-me por isso e nao saber onde o 'eu' anda.
No fim de contas, eu agirei do mesmo modo, independentemente.
Há algo aqui estranhamente próximo.
"A trip to the pastoral countryside reveals a dark, sinister reality for a family from the city."
Director: Andrei Zvyagintsev
"If you want to kill, kill. If you want to forgive, forgive."
Tuesday, September 16, 2008
Paris
Formou-se um padrao cinematográfico. Nada de assustador. No fim de contas, ao longo deste padrao, eu vou ocupando o meu tempo, de bom grado.
Nao sei se seria capaz de viver em Paris, mas as minhas fantasias regressam a ela quando fecho os olhos. Acaba por ser adequado, foi lá que muitas delas nasceram e onde algumas tiveram lugar.
Gostava de rever-te agora sentado, ao teu lado, no escuro de S. Jorge, fazendo deste longe mais perto.
O regresso `a Festa do Cinema Frances.
"Pierre, a professional dancer, suffers from a serious heart disease. While he is waiting for a transplant which may (or may not) save his life, he has nothing better to do than look at the people around him, from the balcony of his Paris apartment. When Elise, his sister with three kids and no husband, moves in to his place to care for him, Pierre does not change his new habits. And instead of dancing himself, it is Paris and the Parisians who dance before his eyes."
Director: Cédric Klapisch
Comeco a perceber a dificuldade de partilhar, de facto, um filme a dois. No mesmo comprimento de onda.
Sunday, September 14, 2008
Por agora
Dans Paris
Acabei de ver este filme. Fiquei em silencio. Falar comigo próprio nao faz o meu género e a minha companhia eram apenas paredes e a ocasional aranha.
Acabei de ver o filme e nao resisti a dar alguma coisa dele a uma amiga cuja ligacao ao frances ainda é maior do que a minha. Se, para ela, foi e volta a ser vida, para mim resume-se a gosto e afinidades, bem, família também, que nao me esqueca.
Acabei de ver o filme. Ela declarou: "Nao sabia que um homem também podia sofrer por amor?".
Admito que fiquei perplexo. De tal maneira que só fui capaz de rir. Rir.
Achei-a desligada da realidade.
Até que me lembrei de outros dias.
Nao devia ter rido.
Será possível que este pensamento seja comum?
Espero que nao.
As idiossincracias sempre foram mais esbatidas do que se julga.
Onde cabe entao a diferenca? Nas palavras, nos olhos e nos ombros.
"Anna has just left Paul who, annihilated by the separation, moves back with his father in Paris. His younger brother Jonathan, a casual student, still lives in his father's apartment and spends most of his time womanizing and fooling around."
Ode (sem legendas, tal como a vida)
Director: Cristophe Honoré
Friday, September 12, 2008
UNKLE
Tudo nao passa de um Déjà vu equivocado.
Encontros feitos em modo sonho, perdidos nos meses.
Cafés tomados em túneis sub-aquáticos,
em que as palavras já mudaram de som quando chegam ao destino.
Se calhar chegam ao destino errado.
De um modo estranho, faltam talvez as rotinas a enrolar o embraco, para o tornar mais real.
Quando os dias sao pesados, o leve da companhia ganha entao o devido valor.
Ao fim ao cabo, é um sinal de sentido proibído que me fazem as interpretacoes.
Se calhar.
É a terceira vez na minha vida que limpo a casa, pinto as paredes e salto do oitavo andar. Nao vou abdicar disto, por nada. Se calhar ou nao.
Recomecos.
"Unkle ou UNKLE é uma banda inglesa, formada em 1994 pelos amigos James Lavelle e Tim Goldsworthy. Também rotulado como trip-hop, o grupo já teve como integrante DJ Shadow além de outra infinidade de participações de músicos e produtores. Em 2007, com a saída de Richard File o grupo está composto apenas pela dupla James Lavelle e Pablo Clements"
Rabbit In Your Headlights
Reign
Broken
Esta banda já sigo de longa data. Saiu mais um albúm (um pouco aquém mas para quem já produziu pecas tao boas...). É recuperar outros dias através de nova música.
Ida Maria
Tudo muda sem nada mudar. Nao se engane quem ache, eu nao faco a minima ideia do que estou a fazer.
Os gosto sao empurrados para os lados. Tornam-se abrangentes a medida que me perco um pouco em mim. Descobri nem sei o que, até pode ser uma caixa vazia. Se o vazio nos fizer bem, porque nao? Nao receber nada é também receber algo. Quando nao há datas para cartas nem destino para os desejos. Quando nos perdem o código postal e mesmo assim podemos sorrir. Quando o carteiro chegar será a altura em que o nao se espera e saberá ainda melhor.
Acho que nao estou a perder a cabeca e acho que é o melhor que me cabe. O que quero é neve. Neve. Neve!
"Ida Maria Børli Sivertsen, (born 13 July 1984) is a Norwegian rock musician known primarily by the stage name Ida Maria. She was born and raised in the small town of Nesna in Nordland county, Norway, but she currently lives in Stockholm, Sweden. She gained considerable success in Norway in 2007 after winning two national competitions for unknown artists (Zoom urørt 2006 and Urørtkonkurransen 2007) and playing very successful shows at the annual Norwegian music industry festival By:Larm 2007 and 2008. Her singles "Oh My God" and "Stella" were both played regularly on Norwegian national radio station NRK P3. She has later expanded her popularity outside of her native country, namely in the United Kingdom, where she has appeared on Later... with Jools Holland, interviewed by The Times and performed at Glastonbury Festival. Sivertsen is reported to have the neurological phenomenon of synesthesia, which means she sees colours when she hears music."
Queen Of The World
Oh My God
Tuesday, September 9, 2008
O enrolar de um ano e um começo adiado
Gosto mesmo de como trabalha a memória. Se por por vezes me deixa em apuros pela descricionariedade com que trabalha, por outras vezes dá-me detalhes que de outro modo ficariam perdidos. Sejam imagens de pessoas e momentos, conversas a dois que pareciam condenadas às cinzas.
Esquecer.
nomes
aniversários
encontros
consultas
exames
Enquanto não nos esquecermos de viver, acho que estamos todos muito bem.
Tenho ultimamente visto o meu reflexo nos olhos dos outros e não posso dizer que estou muito agradado. Percebo que é tudo muito relativo, sobretudo quando pessoas diferentes reflectem coisas diferentes, mas há caracterizações e caracterizações. As palavras podem fugir para onde as deixarmos ou para onde as empurrarmos. Ser mau pode ser bom, vice-versa. Não estou contente com isso, sobretudo quando no fim de contas não vai além das visões redutoras que usamos para encaixar os outros no nosso mundo. Eu sou bom e mau, simpático e bicho do mato e por aí em diante. Desconfiarei primeiro de quem achar que todas as coisas não andam aos pares.
Importante é o facto de, ouvindo e compondo música tendencialmente melancólica ou triste eu sinto-me muito mais feliz, sem precisar de andar de sorriso rasgado na rua. Não há razão para me esconder desse modo. Aliás, é o melhor filtro de todos.
Música que me acompanhou em 2007. Geradora de muitos sorrisos, por estranho que pareça.
The National - About today
Cold War Kids - Hospital Beds
Beirut - Nantes
Band of Horses - The Funeral
Perguntas sérias.
Guardei o "sim" que está atrás da cortina.
Há respostas honestas para os momentos errados.
Nos dias em que é preciso ocultar intenções e não dizer o que realmente se quer.
Wednesday, September 3, 2008
De veias bem abertas
"O cavaleiro O'Keefe tinha, como eu, uma fraqueza. Era enormemente sensível a todos os tipos e géneros de mulher. Além de sentimental, era um romântico, um homem de paixões violentas, um pouco cego de um olho e quase totalmente cego do outro. Ora, um macho que anda dessa forma pelo mundo é quase tão desamparado como um leão sem dentes, e por isso o cavaleiro sofreu muito durante vinte anos devido a uma série de mulheres que o odiavam, se serviam dele, o aborreciam, o ofendiam, lhe faziam mal, gastavam o seu dinheiro, faziam dele um tolo - em suma, como se diz, o amavam.
(...)
Foi mais ou menos nesse momento que a primeira contradição do caso se afirmou. Havia certa impiedade, certo indecoro, no facto de Glória estar ausente do hotel. Tinha a impressão de que, saindo, ela o colocava numa posição desvantajosa. Ao voltar saberia que ele telefonara e sorriria. Mas discretamente. Deveria ter deixado passar algumas horas para evidenciar a despreocupação com que encarava o incidente. Que tolice cometera! Ela suporia que se considerava particularmente favorecido. Ia pensar que reagia com a intimidade mais inepta a um episódio trivial.
(...)
Anthony sentou-se a seu lado e apertou-lhe as mãos. Estavam inertes e não responderam.
- Ora Glória!
Fez um movimento, como se fosse envolvê-la com o braço, mas ela afastou-se.
-Não quero - repetiu.
(...)
- Se está cansada de me beijar é melhor então ir-me embora.
Viu os lábios dela contraírem-se ligeiramente, e o que restava da sua dignidade abandonou-o.
- Creio que você já disse isso várias vezes.
(...) Com um incerto «adeus» de que se arrependeu mal o pronunciara, saiu rapidamente, mas sem dignidade, da sala.
Por um momento Glória ficou imóvel. Tinha ainda os lábios contraídos, e o olhar era directo, orgulhoso, longínquo. Passado um momento, os seus olhos cobriram-se de uma leve película de névoa e pronunciou a meia-voz três palavras dirigidas ao seu fogo agonizante:
- Adeus, seu idiota.
(...)
Num instante ela mostrara gostar tremendamente dele - ah!, quase o amara. No instante seguinte tornara-se indiferente para si, um insolente que recebera a humilhação merecida."
in Belos e Malditos, de F. Scott Fitzgerald
Eu sabia que isto ia acontecer.
É o gosto pela queda.
Bang Bang You're Dead
Alguém sabe quem sou? Tu não sabes. Eu não sei.
Não consigo encontrar o meu nome outra vez. Só vejo a pele que me esconde, de fora para dentro.
Director: Guy Ferland
Tuesday, September 2, 2008
Frank Sinatra e Jacques Brel
Há duas personagens incontornáveis nos meus velhos tempos. Nao sei dizer de onde vieram. Posso inventar.
É outro dos meus segredos bem guardados.
Por muito tempo que fique sem ouvir, acabam sempre por voltar. Cá estao eles outra vez, de mansinho.
Send in the clowns
"Isn't it rich?
Are we a pair?
Me here at last on the ground,
You in mid-air.
Send in the clowns.
Isn't it bliss?
Don't you approve?
One who keeps tearing around,
One who can't move.
Where are the clowns?
Send in the clowns.
Just when I'd stopped opening doors,
Finally knowing the one that I wanted was yours,
Making my entrance again with my usual flair,
Sure of my lines,
No one is there.
Don't you love farce?
My fault I fear.
I thought that you'd want what I want.
Sorry, my dear.
But where are the clowns?
Quick, send in the clowns.
Don't bother, they're here.
Isn't it rich?
Isn't it queer,
Losing my timing this late
In my career?
And where are the clowns?
There ought to be clowns.
Well, maybe next year."
La chanson des vieux amants
Monday, September 1, 2008
Jeux d'enfants
Se eu te desafiasse, cantavas?
"Des Yeux Qui Font Baisser Les Miens
Un Rire Qui Se Perd Sur Sa Bouche
Voila Le Portrait Sans Retouche
De L'homme Auguel J'appartiens
Quand Il Me Prend Dans Ses Bras,
Il Me Parle Tout Bas
Je Vois La Vie En Rose,
Il Me Dit Des Mots D'amour
Das Mots De Tous Les Jours,
Et Ca Me Fait Quelques Choses
Il Est Entre Dans Mon Coeur,
Une Part De Bonheur
Dont Je Connais La Cause, C'est Lui Pour
Moi, Moi Pour Lui Dans La Vie
Il Me L'a Dit, L'a Jure Pour La Vie,
Et Des Que Je L'apercois
Alors Je Sens En Moi, Mon Coeur Qui Bat...
Des Nuits D'amour A Plus Finir
Un Grand Bonheur Qui Prend Sa Place
Les Ennuis, Des Chagrins S'effacent
Heureux, Heureux A En Mourir "
"The games (jeux) begin when Julien and Sophie are children (enfants), but as they grow older they intensify and become more twisted and dangerous."
Director: Yann Samuell
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